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20 de Abril de 2024

O lado negro do Judiciário: TJ-PR identifica casos de nepotismo envolvendo desembargadores

O esquema de nepotismo cruzado comumente visto nos Poderes Executivo e Legislativo, não se limita a estes e também se revela onde deveria se dar o exemplo.

Publicado por Afonso Maia
há 8 anos

O lado negro do Judicirio TJ-PR identifica casos de nepotismo envolvendo desembargadores

O Tribunal de Justiça do Paraná (TJ-PR) identificou dois casos de nepotismo envolvendo os desembargadores Laertes Ferreira Gomes e Roberto de Vicente. De acordo com a investigação interna, a mulher de Gomes exercia um cargo comissionado no gabinete de Vicente, enquanto o filho de Vicente trabalhava em comissão no gabinete de Gomes.

A investigação começou a partir de uma denúncia de outro desembargador, José Maurício Pinto de Almeida. Ele pediu providências ao presidente do TJ-PR, Paulo Roberto Vasconcelos. Na requisição, ele detalhou as denúncias contra os outros dois colegas.

"Há não muito tempo, e confirmado por pesquisas junto à direção-geral do TJ-PR, teve ciência de que estaria ocorrendo nepotismo cruzado nas nomeações aos gabinetes dos desembargadores Roberto de Vicente e Laertes Ferreira Gomes", diz trecho do documento.

A denúncia diz que Glaci Terezinha Gomes, mulher de Laertes Ferreira Gomes, foi nomeada para um cargo em comissão no gabinete de Roberto de Vicente. No mesmo documento, consta que o filho de Vicente, Cedric Antônio de Vicente fez o caminho inverso, sendo nomeado no gabinete de Gomes. Glaci e Cedric são servidores concursados do TJ-PR.

José Maurício Pinto diz que a irregularidade foi detectada com base na Resolução número 07, do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e na Súmula Vinculante número 13, do Supremo Tribunal Federal (STF). Os dois textos proíbem o nepotismo cruzado no Poder Judiciário.

Uma cópia do pedido de providências contra os dois desembargadores também foi encaminhada ao Conselho Nacional de Justiça e à Procuradoria Nacional de Justiça, para que as condutas dos magistrados seja investigada.

Após a denúncia, os dois funcionários em situação irregular pediram demissão do cargos comissionados na segunda-feira (29). No entanto, eles não explicaram os motivos para os pedidos de demissão. Segundo o TJ-PR, a saída deles dos cargos deve ser publicada na quarta-feira (31), no Diário da Justiça.

Apesar de saírem dos cargos comissionados, os dois devem continuar trabalhando no TJ-PR, nos cargos para os quais passaram em concurso público.

Outro lado:

O desembargador Roberto de Vicente não vai comentar o caso. Uma funcionária do gabinete dele informou que não poderia responder pelo filho do magistrado. Cedric não foi encontrado para se posicionar sobre a situação.

O desembargador Laertes Gomes também foi procurado. Uma assessora dele disse que o magistrado retornaria a ligação, caso quisesse comentar a denúncia, mas ele não respondeu. A mulher do desembargador também não foi encontrada.

A partir do momento que batemos as portas do judiciário para a resolução de conflitos sociais, buscamos naquele que aplica a Lei, além de imparcialidade é claro, o senso de Justiça. A imagem que projetamos de um Magistrado é de uma pessoa íntegra, exemplar e que acima de tudo além de aplicar à Lei, cumpra-a com todo rigor.

Fatos como esses abalam não só a imagem de Magistrados, mas como também de toda a classe envolvida com o Poder Judiciário (Advogados, Promotores, Defensores Públicos). A sociedade necessita confiar no Estado, do contrário todo o contrato social idealizado por Hobbes, Locke e Rousseau estará abalado, e este é o começo do fim.

Fonte: G1

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44 Comentários

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O nepotismos é um dos pequenos abusos no judiciario do PR, onde ja tivemos recentemente Presidente do Tribunal cassado. Ha de se observar é o jogo abusivo e injusto que certos advogados tem com certos juizes, no jogo de demanda de processos de cobrança extrajudicial, operante praticando uma verdadeira bola de neve contra apelantes das tais cobranças. Quanto mais tempo para o credor maior os juros e multas. Uma vergonha para o judiciario do PR continuar lendo

Lamentável esta essa situação. Não percamos a esperança amigo. continuar lendo

Só chorar msm, e rezar continuar lendo

O problema menor do judiciário é nepotismo. continuar lendo

O CNJ deveria dar uma investigada aqui em Londrina-PR que o problema começa na base da pirâmide do Judiciário. Desde os estagiários, é raro encontrar um que tenha sido contratado por requisitos objetivos de merecimento pessoal. Pelo contrário, o que se observa com uma naturalidade alarmante são "chegados" de vereadores, juízes, amigo de filho de juiz, etc. Quando acabam os cargos comissionados para os mais enturmados e se esgotam os estágios para os estudantes que mal tem compromisso com sua vida acadêmica, o próximo critério de seleção é aquela que parece mais bonitinha aos olhos do Diretor de Secretaria. Passear pelos fóruns em Londrina é quase uma visita a um estúdio de modelos. continuar lendo

Realmente acontece desse jeito, sou do Espírito Santo e funciona mais ou menos dessa maneira também a contratação de estagiários. Não posso negar que houve muita evolução aqui, mas temos muito que caminhar ainda. Obrigado pelo comentário e fique a vontade para outras ponderações. continuar lendo